IRINA SOPAS é uma escritora luso-angolana, premiada com Menção Honrosa no 2o Prémio Literário Fernanda Botelho. Nasceu em 18.09.1984, em Luanda e mora em Portugal.
Possui artigos no AmoLeblon, de que foi colunista. Colaborou no site angolano Club-K. Tem dois poemas, em homenagem aos pais, no portal literário Blocos Online. Outros dois seus foram selecionados para antologias da Câmara Brasileira de Jovens Escritores (CBJE). Participa, ao todo, de nove coletâneas.
Irina, cujo nome significa paz, desenvolveu, em agosto de 2010, o PoemAZ, sistema de composição poética, cujas palavras sequenciais, em cada verso, acompanham a ordem do alfabeto.
“Odeio amar-te, poesia”, seu livro de estreia (poesia, Rio de Janeiro, Ed. Sapere, 2012), recebeu avaliações positivas de escritores, como: Delmo Fonseca, Mano Melo, Márcia Leite, Paulo Schmidt, Ricardo Alfaya, Vicente Freitas e Neto Muhindo. “Empós de Ti” _(poesia, Rio de Janeiro, Ed. Sapere, 2013) foi o segundo livro da escritora. “A Princesa Desencantada”, romance de chick-lit debute da autora, foi lançado pelas Edições Trebaruna em fevereiro de 2021.
POEMAZ é um método de composição especial de poemas discursivos modernos, minimalistas. O sistema inspira-se na sequência de letras do alfabeto adotado no português. Foi criado, em agosto de 2010, pela autora, cujo primeiro nome, Irina, significa em seu idioma de origem “PAZ”. Tanto as regras do método quanto os quatro poemas iniciais que lhe deram origem são de sua autoria. As normas são simples e podem propiciar poemas muito interessantes. São as seguintes:
01) É de livre escolha o tema para um PoemAZ.
02) O PoemAZ não deve ter mais do que 14 versos, incluindo o título.
03) Versificação moderna: métrica e rima não são obrigatórios.
04) Todo PoemAZ deve receber um título, de livre conceção. No entanto, o título não deverá ter mais do que três palavras, incluindo-se aí eventuais artigos ou partículas de ligação (preposições e conjunções). Exemplos:
Um Sonho Azul (três palavras); Viver de Ilusões (três palavras); Eu e Você (três palavras); Minha Vida (duas palavras); Amores (uma palavra).
05) A primeira palavra do poema propriamente dito deve-se iniciar pela letra A, não se admitindo aqui o uso de artigo, preposição ou conjunção. Por exemplo:
Amor Bom Conheci (correto); Um Amor Bom Conheci (errado); O Amor Bom Conheci (errado); Almas do Bem Cantam (correto); As Almas do Bem Cantam (errado); Das Águas do Brasil Corro (errado); Águas do Brasil Correm (correto).
06) A inicial de cada nova palavra deve seguir a sequência alfabética, em relação à anteriormente empregada. Desse modo, o poema deve começar por uma palavra iniciada pela letra A, seguindo-se outra principiada por B; depois: C, D, E, F, G… E assim sucessivamente, até chegar à letra Z. Ver exemplos ao final. O tópico seguinte complementa este.
07) Devido à escassez, em nosso idioma, de palavras principiadas por K, W, X, Y e Z, o uso de termos começados por essas letras torna-se opcional. Um poema que se desenvolva com vocábulos iniciados sequencialmente por letras de A a V, seguindo as demais regras, já se poderá considerar um PoemAZ.
08) A inicial de cada palavra inserida para cumprimento da sequência deve ser escrita em maiúscula: Pecar Queres Rapidamente? Só Tu.
09) A exemplo do que ocorre no seguinte PoemAZ, no verso “K na Lembrança”, admite-se, ressalvado o exposto no tópico quatro, o uso de artigos e de elementos de conexão entre os termos (preposições e conjunções). O objetivo é o de permitir melhor sintaxe. Tais usos, porém, devem-se restringir ao mínimo, sendo preferível abstenção, sempre que não se mostrarem indispensáveis.
Alma Baleada,
Coração Dececionado,
Emoção Frustrada,
Glória Humilhada,
Ilusão Jugulada.
K na Lembrança,
Memória Nebulosa,
Orgulho Perdido,
Querer Recusado,
Solidão Tormentosa,
União Vilipendiada.
Tudo para dizer: estou ZANGADA.
10) Preposições e conetivos podem eventualmente ser usados como palavra sequencial, quando sua entrada coincidir com a ordem. Por exemplo: Para Que Risonha Sejas de Ti.
11) Os PoemAZ são pontuados conforme as normas gramaticais.
12) Novamente a exemplo do primeiro PoemAZ, admite-se a quebra da sequência de palavras no último verso, desde que a derradeira palavra do poema retome a sequência no ponto interrompido e termine em V, X, Y ou Z, conforme o caso.
13) A última palavra do PoemAZ redige-se em caixa alta: ZANGADA.
Abaixo, os trabalhos inaugurais, de Irina Sopas, e mais um, feito posteriormente por Ricardo Alfaya, aplicando o método:
Sem te Importares
Amor Bandido
Cafajeste Dengoso.
És Fugaz
Galanteador Hostil
Instigas Jovens,
Levianas, Mulheres.
Namoras Ordinariamente,
Paqueras Qualquer,
Rabo de Saia,
Transas Uma Vez
Y sem te importares ZARPAS.
Mulher de Ninguém
MULHER DE NINGUÉM
Abandonada, Barbarizada,
Cruelmente Desonrada,
Esboças Fraqueza,
Gestos Horrorizados,
Imóvel, Jogada K na Lama,
Mulher de Ninguém.
Olhas Pela Rua, e
Sofrida, Torturada,
Uivas implorando para não mais
seres VIOLENTADA.
Vindita
Anseio Beijar-te,
Carente, Desejo-te.
Envolvo-me Freneticamente,
Galanteando Homens.
Irritada Jejuada de K
Lembro Momentos Nossos.
Oca Promiscua Quieta
Receito Sobre Todos.
Um, Vários, X.
A ao Zen
Amar Bem
Carece Dedicação,
Empenho.
Fazem Gesto Harmónico
Inigualável os Jovens
que Ludicamente Mantêm
Namoro e Ondulante Paixão,
Querendo-se Realmente Sempre Tanto.
Um amar assim é bem de se Ver… ZEN.
(Ricardo Alfaya)