Empós de Ti

Empós de Ti, segundo livro de poesia da autora, tem como tema o amor; sobretudo, pelos aspetos da dor e da desilusão pelo amor não correspondido. Porém, percebe-se também, nas entrelinhas, um instigante viés existencial.

Empós de Ti

Empós de ti,
Passei a duvidar de mim.
Não apenas de quem sou,
Mas também de quem fui.
Arruinei todo meu orgulho.
Cega, entreguei-me à dor.
Nada mais me pareceu real;
A não ser, a agonia que dilacera.
Que vive em mim e que de mim se apodera.
Eu perdi o meu juízo,
Sobrevivi à beira do abismo
E me entreguei ao derrotismo.
Descobri que nada tenho.
Que sou uma mísera indigente,
Um espectro deprimente.
Não existo! Nada sou!
Minha vida acabou!
Tudo isso – empós de ti.

Onde Mais Te Encontraria?

Escrevo para espantar a tua ausência,
Porque, em meio a verbos e adjetivos,
Faço-te real, presente: só meu.
Onde mais te encontraria: formoso,
Esmerado, gratuito, correspondente,
Senão nos meus versos?
Quem te descreveria com tanto afeto,
Essência, corpulência, desejo,
Senão eu, com as minhas próprias palavras?
Quando eu seria verso da tua poesia,
Se não fosse por mim escrita?
Onde, quando e como Tu e Eu
Existiríamos, além dos meus pensamentos,
Se não fosse no preto rabiscado no papel?
E onde mais, nosso amor seria perfeito e sincero,
Senão em minhas poesias?

Irina Sopas, ainda que mulher alegre, amável, jovial e completa nela própria, também compreende as aflições que o amor pode desencadear. E este é um livro de dor. Dor de amar. Ela quer, com estas páginas, desvendar ao mundo o sofrimento que pode advir do sentimento mais simples e, ao mesmo tempo, mais complexo da vida. Ela o faz com a capacidade que tem de amar e falar de amor, desnudando os contornos tanto de sua própria alma quanto da de quem leia seus versos.
A autora aborda temas que todos nós, mais cedo ou mais tarde, passaremos (ou já passamos). Não há como ficar alheio às realidades aqui expostas. Realidades do coração, da mente, da alma… Tocante!
“Empós de Ti” traz registros a respeito do amor, inclusive, do Amor fati, preconizado por Nietzsche em Ecce Homo: “Minha fórmula para a grandeza no homem é Amor fati: nada querer diferente, seja para trás, seja para frente, seja em toda eternidade.  Não apenas suportar o necessário, menos ainda, ocultá-lo; mas amá-lo (todo idealismo é mendacidade ante o necessário).” Não há dúvida alguma de que estamos diante de uma obra poeticamente inquietante, pois o amor nos desloca, trespassa e nos reinventa. Empós de Ti certamente propõe esse movimento.
Pela ousadia de seu projeto, Irina avançou considerável passo.  Que novos caminhares e navegares a façam ainda ir vivamente além, muito além.

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