Certo dia fui convidada para uma festa de aniversário. Embora o aniversariante já beirasse a casa dos sessenta, qual não foi o meu espanto ao observar que seus amigos, também dessa faixa etária, encontravam-se atrelados, em sua maioria, a moças muito mais jovens; quase, ninfetas. Sim é isso mesmo, quase ninfetas.
Fiquei horrorizada, até deprimida, com a visão de homens com cerca de sessenta anos (alguns acima), saindo com… “mulheres”? “meninas”? – realmente, não sei do que chamar: tinham idade não só para serem filhas deles, mas também, netas. Se voltássemos vinte anos atrás, poderiam estar trocando as fraldas delas. A partir daí, comecei a observar. Descobri: aquela festa não era um acontecimento isolado. Essa “epidemia” estava mais disseminada do que poderia imaginar. Não importava mais o lugar: bares, cafés, restaurantes; inclusive em boates, a paisagem se repetia.
Mais uma vez tentando compreender o porquê, iniciei uma busca assídua em enciclopédias, Internet, livros, tudo o que estivesse ao meu alcance para obter a resposta. E a resposta veio. O que eu julgava ser um fenômeno ou uma “epidemia” é normal. Existe desde que a sociedade foi criada, ou seja, é tradicional homens mais velhos preferirem mulheres mais novas para se relacionarem ou constituírem família. De acordo com pesquisadores, os homens escolhem as mais novas e atraentes, com o intuito de aumentar as chances de reprodução. Eles querem garantir a sua prole.
Uma hipótese curiosa encontrei na bem-humorada opinião de um senhor que, ao ser questionado sobre sua preferência por moçoilas, respondeu-me: “Eu não quero enterrar ninguém, quero ser enterrado.”
Examinando por outro ângulo, surgiu-me a questão: porque mulheres mais novas preferem homens mais velhos, apesar da emancipação feminina? A minha opinião seria suspeita. Assim, decidi perguntar a outras moças, na faixa etária entre os 20 e os 30 anos. Algumas afirmaram que se sentiam mais seguras; outras disseram que um homem mais velho tem mais experiência; logo, poderiam aprender coisas novas. Outras simplesmente responderam “não sei”. Porém, uma minoria fez menção à carência paterna, quando criança (confesso que fiquei emocionada).
Seja como for, depois de tantas respostas, a minha cegueira mental com relação a esse assunto acabou. Afinal, porque a preocupação e as críticas destrutivas sobre a diferença de idade? Acredito que, no tocante ao tema, a reciprocidade do sentimento na relação deva ser o foco; não, a idade. Por vezes, um homem vinte anos mais velho pode completar uma simples jovem e vice-versa; sem qualquer outra intenção: apenas, pelo simples fato de que, quando estão juntos, viram um só. Quantos de nós conseguiu isso?
Portanto, não digo que, mulheres jovens, devamos perder os freios inibitórios e sair por aí, à caça de homens mais velhos. Tampouco, que sexagenários ponham-se a correr atrás de mocinhas. Nada disso. Mas sim que, se porventura o homem ou a mulher “da sua vida” se apresentar com uma idade discordante dos “padrões” sociais, não deixe a chance passar. Aproveite e seja feliz.