Sou uma amante de chás, não há mistério nisso, foi de ter crescido com as minhas avós. Adélia não falha o seu chá com torradas todas as noites, e Mimi, que o beberricava enquanto me ensinava a tricotar.
Ontem, na busca por algo diferente, acabei por encontrar uma embalagem de Chá Príncipe no armário. Para muitos, apenas um chá. Para mim, memórias. Memórias de um tempo que não volta mais. Sair a correr da escola, com o meu primo Nelson, pular canteiros alheios para colher ervas príncipe. De vez em quando, um dono mais razinza corria connosco. Saíamos disparados, crianças assustadas. Depois ríamos, crianças inocentes. E, no dia seguinte, lá estávamos de novo.
Hoje preparo Chá Príncipe, mas não tem mais o gosto do amor de avó… hoje tem o gosto da saudade.