Navegando pela Internet, sem rumo certo, tomei um susto quando encontrei casualmente uma notícia: anunciava que um paciente, após ser submetido a uma cirurgia de aumento peniano (de 15 cm para 25 cm), apresentou arrependimento, retornando à clínica, desesperado, solicitando que os médicos revertessem a operação; isto é, reduzissem o seu membro para o tamanho “normal”.
Não pude deixar de pensar sobre o tema, afinal sabemos que essa preocupação é frequente entre os homens; não só na adolescência, mas até mesmo na idade adulta. Daí, o aumento de consultas a urologistas que, cada vez mais, ouvem a famosa afirmação: “Tenho o pau pequeno”. Por sinal, para a grande maioria dos casos, os médicos apresentam a resposta: “Seu pénis é normal”.
Mas, o que seria um pénis normal? Existe algum que seja anormal? Informo desde já que não pretendo neste texto ensinar ninguém a medir o tamanho desse membro, até porque não tenho um. Mas é bom elucidar um pouco o assunto que, ao longo de décadas, tem sido supervalorizado. Isso vem contribuindo para o aparecimento de crenças erróneas, além da criação de uma indústria que visa o aumento peniano.
Que tal um pouco sobre a “normalidade” e “anormalidade” do pênis? Um pénis flácido mede de 5 cm a 10 cm de comprimento. O médico William H. Masters e a psicóloga Virginia E. Johnson, ambos norte-americanos, verificaram que o pénis em ereção mede de 12,5 cm a 17,5 cm. Vale ressaltar que o tamanho durante a flacidez não determina o tamanho durante a ereção.
Com relação à “anormalidade” do pénis, até os dias de hoje não há definição universalmente aceita para um pénis anormal, mas, para fins práticos, considera-se um pénis flácido de até 4 cm, e em ereção até 7,5 cm, como pequeno.
Especialistas afirmam que homens com membros menores podem satisfazer a mulher, da mesma forma que os dotados de membros maiores, uma vez que o mais importante para o prazer da parceira é a espessura. Isso significa que o comprimento definitivamente não conta na hora de dar prazer à mulher. Inclusive, porque a vagina tem profundidade variável de 9 cm a 12 cm, sendo que a maioria das terminações nervosas relacionadas ao prazer sexual situam-se justamente na entrada. Deduz-se assim que a espessura do pénis seja mais importante do que o seu comprimento.
Apesar das informações anteriores, não me dei por satisfeita e decidi procurar dois urologistas. Perguntei se a nacionalidade tem efeito sobre o tamanho do pénis. A resposta de ambos foi “não”. Completaram, dizendo que o que influencia é a raça. O tamanho médio dos pénis dos negros é maior que o tamanho médio dos pénis dos brancos. No entanto, é possível encontrar homens com pénis de 8 cm até 32 cm, independentemente da raça. Também, casos raros, que extrapolam essa faixa; tanto para menos quanto para mais, variando não só em comprimento, mas também, em circunferência.
Decidi, também, perguntar diretamente a eles e a elas. Será que tamanho é realmente documento? Dividi em três grupos. Um com cinco mulheres, com idades compreendidas entre 25 anos e 30 anos. Outro, de sete homens, com faixa etária entre 27 e 35 anos; os integrantes desse grupo consideram que seus membros estão dentro das dimensões normais ou acima. Por fim, um terceiro, com cinco rapazes, entre 25 e 32 anos; os que se acham neste grupo acreditam ter um pénis “abaixo da média”, aproximando-se dos valores considerados “pénis pequenos”, ou, como alguns especialistas preferem chamar, “micropénis”.
Todas as cinco mulheres reconheceram que SIM, tamanho é documento, mas preste atenção: duas destacaram que “Se o pénis for grosso, o comprimento não tem tanta importância.” Outras duas sustentaram que “O pénis deve ser normal, nunca grande demais, porque muito grande machuca.” Acrescentaram: “Além de ser normal e grosso, o homem tem de saber usar.” Quanto à última, afirmou que “O pénis tem que dar para segurar com a mão toda.” Nenhuma das entrevistadas soube dizer precisamente qual o conceito de normal, quando questionada.
O segundo grupo (o de sete homens mais dotados) apresentou várias respostas. As negativas totalizaram quatro. Foram elas:
– Não. Habilidade com a língua, sim, é importante.
– Não. A química entre o casal é mais importante.
– Não. Pois há mulheres que sentem desconforto no ato sexual, que deixa de ser prazer, passando a ser tortura.
– Não. Há tamanho e gosto para todas.
Já dois deles partilharam da mesma opinião que as mulheres:
– Sim, mas o que importa é a espessura.
– Sim. Na medida certa; mas também, ter um bom tamanho, e não fazer nada, não é bom.
Por fim, o último disse que:
– Depende. Vai da “safadeza” da mulher, do tamanho da vagina, e, lógico, da espessura.
O último grupo, dos menos dotados, afirmou, de forma unânime, ter uma boa ereção e que não recebeu queixas dos seus relacionamentos sexuais.
Com os esclarecimentos expostos e tantas respostas para o mesmo assunto, pude constatar que sim, tamanho é documento. Porém, não do modo como a indústria sexual tenta apresentar, super valorizando o comprimento. Além disso, especialistas corroboram a opinião do terceiro grupo de entrevistados, dizendo que as preliminares causam mais diferença no bom desempenho sexual, do que o tamanho do pênis.
Por isso, você homem fanático com o tamanho do seu pénis, que carrega para cima e para baixo a régua e a fita métrica, comece a pensar com a cabeça de cima. Assim, pare de dar aquela espiadela básica para o pénis do outro. Deixe de tentar entender porque você, com 1.80 m de altura, tem um membro menor do que a figura que se encontra a seu lado com apenas 1.50 m. Não fique também a encarar absurdamente o homem de raça diferente da sua, como se ele tivesse uma aberração no meio das pernas.
Ao invés disso, vá melhorar a sua habilidade em estimular a parceira, o que, sem sombra de dúvida, é muito mais importante do que a dimensão do pénis. E não se esqueça de que mais vale um pequeno trabalhador, do que um grande molengão. Por fim, tenha sempre em mente o pensamento irreverente de uma das entrevistadas: “Não é o pénis do homem que é pequeno, o corpo é que é grande demais”.